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Da redação 10:32hs - No dia 13 de setembro de 1944, poucos dias antes de Etelvino Silveira de Souza embarcar para a Itália nascia Otávio, o primeiro filho do expedicionário com a esposa Dorvalina Budal Arins.
Catorze dias depois da partida do Rio de Janeiro a bordo do General Mann, um navio de transporte da Marinha dos Estados Unidos, o 2ª Escalão da FEB - Força Expedicionária Brasileira - formado por um efetivo de 5.075 homens, incluindo 368 oficiais comandados pelo general Oswaldo Cordeiro de Faria, chegava ao porto de Nápoles às 7h30 de 6 de outubro de 1944. Preparados para enfrentar o poderoso Exército alemão os soldados entoavam a Canção do Expedicionário para em seus versos lembrar a Pátria distante. Na imagem de uma cobra fumando cachimbo estampada na manga do uniforme, símbolo oficial da FEB, criado pelo Tenente-coronel Senna Campos, estava a resposta aos que diziam que o Brasil não teria capacidade de ir à guerra, isso só ocorreria, diziam em tom de desdém, se a "cobra fumasse".
Ecos da Segunda Guerra/segundaguerra.org/Desembarque de pracinhas brasileiros na Itália
Já denominada 1ª Divisão Brasileira, foi integrada ao IV Corpo do Exército Americano sob o comando do general Willis D. Crittenberger, adjunto de comando do V exército dos Estados Unidos comandado pelo general Mark W. Clark, inserido no XV Grupo de Exércitos Aliados. Segundo a denominação da época utilizada pelo exército americano; a composição dos elementos terrestres da FEB se subdividia em três Regimentos de Infantaria: o 1º baseado no Rio de Janeiro, então Capital da República; o 6º Regimento de Caçapava, e o 11º de São João del Rey. Estes abrigavam nove companhias de fuzileiros, um Regimento de Artilharia transportada por caminhões, um Batalhão de Engenharia militar e outro de Saúde, mais unidades de apoio, de Cavalaria e Esquadrão de Reconhecimento. Etelvino estava lotado no Batalhão de Saúde.
Ao chegar em solo italiano os soldados brasileiros, oriundos de diversas regiões do pais que tinha cerca de 80% de sua população localizada na área rural, passaram a enfrentar problemas com a alimentação. Apesar de abundante, a alimentação servida pelo Exército Americano não incluía feijão, arroz e farinha. Outro problema bastante sério, que afligia particularmente os brasileiros, era o clima. Tendo chegado à Itália no outono, e combatido durante todo o inverno de 1944-45, que foi especialmente rigoroso, o pracinha teve uma grande dificuldade em se adaptar ao frio. Apesar do equipamento americano ser considerado de boa qualidade, houve muitos casos de "pé-de-trincheira", e os soldados tentavam aquecer-se por todos os meios. Lutando tanto contra os alemães quanto contra uma temperatura que chegava a vinte graus negativos, os pracinhas passaram maus momentos durante o período conhecido como a "defensiva de inverno", entre dezembro de 1944 e fevereiro de 1945, quando o frio praticamente impediu qualquer operação em larga escala. (Rubem Braga descreve como era a vida em foxhole no final de dezembro de 1944 - Aldo M. Gusmão O Cotidiano dos Pracinhas da FEB na Itália)
Pé de trincheira ou pé de imersão é um tipo de dano tecidual causado pela exposição prolongada a condições de frio e umidade. Isso leva a inchaço, dor e distúrbios sensoriais nos pés. Pode levar a danos nos vasos sanguíneos, nervos, pele e músculo
Arquivo do autor/Frente e verso de cartão enviado por Etelvino para pais e irmãos, em 9 de novembro de 1944
Enquanto Etelvino se preparava para entrar em combate, seus pais Thomaz Silveira de Souza e Maria Francisca Vieira de Souza juntamente com sete filhos deixavam o bairro Boa Vista para fixar residência na localidade balneária de Ponta de Baixo, em São José, atual Região Metropolitana de Florianópolis. Thomaz retornava à localidade em que nasceu e onde moravam seus pais e irmãos. Havia comprado uma grande área de frente para o mar contendo chácara, casa de alvenaria com mais de 200 metros quadrados e olaria com instalações completas. Havia dois tornos (rodas) para a produção de louças, dois fornos para a queima, amassador de barro movimentado com tração animal e outros equipamentos.
No próximo capítulo; a importância da participação da 1ª Divisão Brasileira integrada ao IV Corpo do Exército Americano. A heroica tarefa de Etelvino no recolhimento de mortos e feridos sob rajadas de metralhadoras inimigas.
Ary Silveira de Souza - Editor do JI Online/
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